Representantes dos municípios da região dos Cânions do Xingó, entre Alagoas e Sergipe, e as Defesas Civis dos dois estados discutem nesta segunda-feira (18) a implementação de medidas de segurança sugeridas pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM para evitar acidentes como o que ocorreu nos cânions de Capitólio, em Minas Gerais.
Um relatório técnico foi elaborado a partir de uma vistoria realizada entre os dias 14 e 23 de fevereiro nos cânions localizados nos municípios de Piranhas, Delmiro Gouveia e Olho D’Água do Casado, em Alagoas; Canindé de São Francisco, em Sergipe; e Paulo Afonso, na Bahia.
São 60 quilômetros de cânions ao longo do Rio São Francisco na região que recebe mais de 600 mil turistas por ano. Para garantir a segurança dos visitantes, foram listadas pelo CPRM 14 medidas de intervenção:
- Avaliar a remoção e/ou contenção de blocos soltos e instáveis localizados entre a borda e o topo dos paredões, acima de áreas onde é comum a presença humana.
- Evitar a manutenção de estruturas de visitação, em locais que estejam a uma distância mínima menor que meia vez a altura do paredão.
- Utilizar boias flutuantes na demarcação de perímetros de interesse.
- Dar preferência a locais onde a face do paredão se afasta da margem do lago, com amplitudes reduzidas e inclinações mais suaves, para a implantação de novas áreas de banho.
- Manter o tráfego de embarcações a uma distância mínima de uma vez a altura do paredão.
- Evitar visitas e passeios em dias com elevadas previsões de chuva.
- Criar um plano de contingência, para ser usado na eventualidade da ocorrência de acidentes.
- Promover campanhas de conscientização para os perigos intrínsecos ao ambiente, com divulgação de material orientativo.
- Adoção de equipamentos de proteção individual, como capacetes, em locais que apresentem um teto rochoso, como a Furna do Morcego e a Gruta do Talhado.
- Desenvolver estudos geotécnicos e hidrológicos com a finalidade de embasar os projetos e/ou obras de contenção de encostas ou de blocos rochosos.
- Fiscalizar e proibir a construção ou visitação em áreas protegidas pela legislação vigente;
- Instalar sistema de alerta para as áreas suscetíveis.
- Fiscalizar e exigir que novos empreendimentos turísticos apresentem laudos técnicos ou estudos correlatos que autorizem a visitação turística ao local.
- Adequar os projetos de engenharia às condições geológicas e topográficas locais, evitando realizar escavações e aterros de grande porte.
“As medidas de prevenção já estão sendo colocadas em prática. Alguns locais serão remanejados e em outros locais será feito o balizamento, para que não haja proximidade das embarcações com os paredões que apresentam risco”, disse o tenente-coronel Moisés, da Defesa Civil de Alagoas.
Grau de perigo nos locais vistoriados
Os técnicos classificaram os 19 locais analisados de acordo com o grau de perigo e risco para eventos de movimentação gravitacional de massa (deslizamentos, queda e rolamento de blocos, desplacamentos e tombamentos), processos hídricos (enxurradas, enchentes e inundações) e erosão:
- 13 áreas classificadas como perigo alto
- 3 áreas classificadas com perigo moderado – áreas a serem monitoradas (sem risco iminente)
- 3 áreas classificadas como perigo baixo – áreas sem necessidade de monitoramento
Grau de perigo por área
Delmiro Gouveia
- Imagem de São Francisco – perigo alto
- Talhado oeste – perigo alto
- Furna do Morcego – perigo alto
- Vale do Sal – perigo alto
- Ponto Extra no Vale do Sal – perigo alto
- Praia da Cruz – perigo moderado
- Restaurante Ecológico Castanho – perigo baixo
Olho D’Água do Casado
- Talhado leste – perigo alto
- Restaurante Show da Natureza – perigo moderado
- Praia da Dulce – perigo baixo
Canindé do São Francisco
- Vale dos Mestres – perigo alto
- Toca do Sal – perigo alto
- Fazenda Mundo Novo – perigo alto
- Pedra do Japonês – perigo alto
- Trilha das Pinturas Rupestres – perigo alto
- Píer Karranca`s Bar e Restaurante – perigo baixo
Piranhas
- Pedra do Gavião – perigo alto
Paulo Afonso
- Trilha Vai & Vem – perigo alto
- Lagoa de Pedra – perigo alto
- Cachoeiras de Paulo Afonso – perigo moderado