Morre, aos 82 anos, em Aracaju, ex-combatente da Ditadura Militar Milton Coelho

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Morreu nesta quarta-feira (17), aos 82 anos, o ex-combatente da Ditadura Militar Milton Coelho de Carvalho. A informação foi confirmada pelo membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça, Marcelio Bonfim. Ele estava internado há seis dias em um hospital particular em Aracaju e foi vítima de tromboembolismo pulmonar.

O velório ocorre até as 17 horas em um velatório localizado na Rua Itaporanga, na região Central da capital. Ele deixa esposa e dois filhos.

Trajetória

Natural de Salvador (BA), Milton Coelho de Carvalho veio com a família para Aracaju na década de 1950 por causa de constantes perseguições políticas a seu pai, que era comunista.

Milton Coelho estudou no Atheneu Sergipense e foi aprovado em concurso público da Petrobras como encarregado do almoxarifado.

Membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Milton também enfrentou perseguição e dificuldades. Dez anos após iniciar as suas atividades como petroleiro e com posição estratégica no PCB, ele foi alvo da Operação Cajueiro, durante a Ditadura Militar, deflagrada em fevereiro de 1976, que prendeu e torturou dezenas de sergipanos. Durante as torturas, Milton ficou cego dos dois olhos.

“Ele não teve a chance de conhecer os filhos. Ele os conhece pela voz. É uma vítima que precisa ser registrada”, disse Marcelio Bonfim.

Em março de 2023, Milton Coelho recebeu o título de cidadão aracajuano pela Câmara Municipal, através de requerimento da então vereadora Ângela Melo, que faleceu em outubro do mesmo ano.

Morre, aos 82 anos, em Aracaju, ex-combatente da Ditadura Militar Milton Coelho
Vereadora Ângela Melo e Milton Coelho — Foto: Ana Caru

Pesar

O deputado federal por Sergipe, João Daniel (PT), comentou a morte do ex-combatente. “Quero lamentar profundamente a perda de Milton Coelho, um importante quadro da esquerda sergipana que lutou e resistiu contra a Ditadura Militar, tendo sido torturado pelos militares na época”, escreveu.

O senador Rogério Carvalho (PT) também lamentou a morte. “Sergipe perdeu um dos principais nomes da defesa da democracia durante a ditadura militar. Um companheiro de luta que dedicou sua vida pela nossa liberdade. Companheiro Milton, sua memória permanecerá inspirando a todos na busca pela justiça e igualdade”