O governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), concedeu entrevista ao SE1 nesta quarta-feira (7), e falou sobre diversos temas relacionados ao enfrentamento da pandemia no estado.

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Entre os temas abordados estão a nova variante do coronavírus, leitos de UTI, vacinação, transparência com relação a aplicação de verbas federais e a situação de projetos da infraestrutura, saúde, educação e economia.

Planejamento para evitar avanço da variante Delta

“Se necessário for, já sabemos como agir, como fechar nossas divisas. O que estamos fazendo no momento é acompanhando o que está acontecendo no Brasil. Graças a Deus, não temos confirmação dessa nova variante. Mas se isso vier a acontecer, medidas drásticas, medidas duras serão tomadas. Os números estão melhorando, está havendo uma queda de óbitos. As pessoas precisam compreender que precisamos evitar aglomerações, independente de ser do vírus em sua origem ou variantes já existentes. Precisamos evitar uma nova onda”.

Desmontar leitos de UTI Covid

“Não estamos pensando nisso agora. Precisamos continuar com a mesma quantidade de leitos que temos. Nós estamos com 238 leitos. Foi muito difícil chegar a esse número. Graças a Deus, hoje 50% destes estão desocupados. Não vamos desmontar, acho que está cedo, pra não ficar com dificuldade para repor”.

Importação da Sputnik V

“Não houve pagamento. Houve um contrato de interesse de adquiri-las. O que me deixa preocupado é a demora para que Anvisa resolva isso. Com muito sacrifício, nós reservamos recursos de R$ 25 milhões para pagar por essas 400 mil doses, que vai atender a um público de 200 mil pessoas, para primeira e segunda dose, mas ao que parece, deve ocorrer a liberação, esse mês ainda, para 46 mil doses para atender 23 mil pessoas, em agosto, setembro e outubro uma quantidade maior. A gente precisa avançar, a gente deveria ter avançado lá atrás, se o governo federal não tivesse agido de forma tão lenta na distribuição de vacinas”.

Calendário de vacinação irregular nos municípios

“A divisão das vacinas é feita de forma proporcional para os municípios. A Secretaria de Saúde tem acompanhado e feito cobranças, não há razão para reclamar da falta de vacina dentro daquilo que recebemos. O que recebemos, de imediato, nós repassamos. Não há razão para municípios estarem atrasados”.

SES investigada pela Polícia Federal

“A polícia foi cumprir o papel dela por determinação da Justiça em busca de documentos. O que foi buscado já havia sido encaminhado aos órgãos fiscalizadores, mas ainda assim, de imediato, toda a documentação foi entregue para que haja essa investigação. Se houve denúncia é normal que haja apuração. A informação que recebemos é que a denúncia é porque se pagou um valor acima do normal na aquisição de máscara. Mas não dá pra comparar o valor de hoje com o do começo da pandemia, porque no início da pandemia houve a necessidade de comprar máscara e não tinha naquele momento. Não há problema. Não há nenhum problema, acho mais do que natural esse tipo de ação acontecer, os órgãos fiscalizadores existem para isso mesmo”.

Tesouro Nacional x pandemia

“Os recursos que foram encaminhados para o governo do estado Sergipe foram todos aplicados. Inclusive, ontem foi divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, nota 100, nota 10, nota mil, se eu posso dizer assim, para a transparência da Secretaria de Estado da Saúde. Um leito de UTI, o custo médio de uma diária de R$ 4 mil, nós recebemos R$ 1.600, ou seja, 40%. O resto vem do governo estadual. Os recursos que chegam são aplicados dentro da normalidade”.

Conceito B de reconhecimento junto ao Tesouro Nacional

“Essa nota é extremamente importante, isso abre caminhos para que se possa contrair empréstimo junto a instituições nacionais, federais, e internacionais inclusive. Nós identificamos no início do nosso governo, cerca de 800 km de rodovias praticamente intransitáveis. Nós temos um total de 2.150 km de rodovias asfaltadas no estado. Hoje esse número já chega a 1.000 km. Já praticamente 50% de rodovias estão em situação péssima, em virtude da demora da manutenção. Rodovias que foram construídas há mais de 20 anos e não passou de simples operações de tapa-buraco e a gente agora está fazendo quase uma reconstrução em cerca de 500 km, fruto de empréstimos que contraímos na ordem de R$ 200 milhões junto a Caixa Econômica Federal; R$ 20 milhões junto ao Banco do Brasil; e R$ 130 milhões que estamos utilizando com recursos do Tesouro. A ideia é que a gente consiga ampliar para, no mínimo, em mais de 300 km, para que chegue a 1.000 km. Portanto, teríamos mais cerca de 500 km, que tem aproximadamente um custo hoje de R$ 400 milhões, porque o material foi subindo. Há necessidade de linha de empréstimo para o ProRedes, isso significa dizer, equipar melhor a rede hospitalar. Estamos trabalhando em outros projetos, e a facilidade se dá. A partir daí, a gente pode tomar um volume de recursos maior, com o prazo mais estendido, inclusive com o aval da União, coisa que a gente não estava conseguindo por conta dessa nota C. Portanto essa nota B é importante sim e foi fruto de muito trabalho”.

Problemas em rodovias

“Em relação a Itabaianinha/Umbaúba nós já estamos recuperando. Já autorizamos a licitação para recuperar um trecho Itabaianinha/Tobias Barreto, que será feito com recursos do Tesouro do Estado. É uma reivindicação normal dos moradores de Tobias Barreto e de Poço Verde querendo também o asfaltamento dessa rodovia. São 54 km de rodovias, nesse caso específico, que deverá ter um custo para a sua recuperação da ordem de R$ 50 milhões. Eu preciso também recuperar a rodovia que liga Porto da Folha a Gararu, mas nós estamos com a recuperação de 500 km e estamos precisando de mais recurso financeiro para recuperar mais 500 km. O que a gente precisa é de recurso financeiro. O estado de Sergipe havia perdido a capacidade de investimento, Sergipe não estava fazendo sequer um quilômetro de rodovia com recursos do Tesouro. Nós já estamos investindo só com recursos do Tesouro R$ 130 milhões. Então, estamos trabalhando para isso. Além de outras ações, a Orla Sul. Nós vamos fazer um calçadão com ciclovia com 16 km, inauguramos a primeira etapa, temos quatro etapas sendo executadas ao custo de aproximadamente R$ 70 milhões, com recursos do Tesouro. E na próxima quarta ou quinta-feira, dando a ordem de serviço para fazer a recuperação asfáltica de toda a rodovia da Orla Sul, da Passarela do Caranguejo ao Viral, pois trata-se de uma rodovia importante para o turismo, que está toda esburacada. Quando o cidadão vê uma rodovia sendo construída em uma localidade, ele também pede pra sua, é natural, mas para isso é preciso ter recursos. E essa nota B pode abrir caminho para que a gente consiga mais uns R $ 300 ou R$ 400 milhões para investir no estado”.

Projeto antigo para rodovias

“Itabaiana/Itapoanga D’ Ajuda e Pirambu/Pacatuba. Na verdade, elas já têm funcionalidade ,tá faltando pequena coisa para conclusão das duas rodovias. Por coincidência, são trechos de 15 km, que nós não conseguimos asfaltar, porque temos problemas com os órgãos ambientais, fiscalizadores, que não nos permitiram finalizar as obras. Não foi falta de recurso, o recurso está aplicado, a funcionalidade está garantida”.

Atraso na entrega de medicação do Case

“O que há é o seguinte, um compromisso que não está sendo cumprido pelo governo federal. Há situação de atraso por conta da falta de medicamentos nas distribuidoras. Você faz a licitação, tem o dinheiro para pagar e nem sempre a distribuidora tem o medicamento. Ela não consegue entregar dentro do prazo. Por mais que a gente tenha o cuidado de não deixar zerar o estoque. Aquele tipo de medicamento que é distribuído pelo Ministério da Saúde a gente fica cobrando o tempo todo. Nós não temos sobras de recursos financeiros suficientes para estar fazendo estoque de um tipo de medicamento, cujo a obrigação é do governo federal”.

Educação na pandemia

“Apesar desse período de pandemia que muito nos assustou, nós não deixamos de agir em relação a área de educação. Tanto é verdade que normalmente quando o cidadão se candidata ao governo do estado, ao cargo do poder executivo tem que ter um plano de governo. Esse plano de governo é cheio, digamos assim, de promessas e, na área da educação, nós já cumprimos 100% do que está no nosso plano de governo. Aliás recebemos a informação de que somos o segundo do nordeste, o sétimo do país com o melhor aproveitamento em relação a essas promessas , que cumprimos em quase sua totalidade. Em relação a educação, é fato, vamos retornar dia 17 de agosto, já estamos preparados para isso e vamos buscar essa questão da evasão que sempre foi um problema para a educação. Eu sei que há ainda preocupação da população por conta da pandemia, mas as pessoas estão sendo vacinadas e na área da educação o trabalhador de um modo geral. A campanha da vacinação está avançando graças a Deus e o que nos espera agora é ter a coragem de enfrentar esse problema. Vamos tentar recuperar o tempo perdido, porque se tem uma área que saiu perdendo muito com essa pandemia, é exatamente a área da educação, isso vai ter uma repercussão negativa muito grande. O tempo de recuperação desse tempo perdido pode perdurar por uns oito uns 10 anos, porque não foi fácil, mas estamos sim preparados, as escolas estão em condições de receber os alunos para ter a aula presencial dentro do sistema que está adotado pela Secretaria Estadual de Saúde , sistema híbrido, ninguém é obrigado a ir, automaticamente pode ficar em casa assistindo, porque as condições nós fizemos questão de dá-las para que não houvesse tanto prejuízo”.

Economia

“Nós abrimos linhas de crédito junto ao Banco do Estado de Sergipe, nós facilitamos em relação à área de cobrança de tributos, nós ampliamos prazos para ajudar na economia dessas empresas. Mas de forma indireta, o que a gente pode fazer para ajudar a economia, principalmente desses setores, que foram prejudicados, é exatamente o que estamos fazendo, gerando emprego, gerando renda através dos investimentos que estamos fazendo. Quando a gente investe numa obra, como a que estamos investindo hoje, a gente atrai turistas. O setor de eventos e bares ficou prejudicado porque a pandemia exigiu isso. É claro que você tem países outros que conseguem fazer com que a economia seja aquecida com os recursos subsidiados pelo governo de cada país. Infelizmente nós não temos ainda condições financeiras de termos pacotes a fundo perdido para ajudar essas empresas, mas há linhas de créditos bastante razoáveis dentro do Banese para que essas empresas possam acessá-las. Agimos nos mais diversos setores para amenizar esse sofrimento. E para sair desse sofrimento só voltando à normalidade.

Fechamento e reabertura da Fafen

“O governo do estado teve uma participação extremamente importante para que a Unigel viesse a Sergipe. O que importa é que a antiga Fafen, hoje Unigel, está produzindo em Sergipe, gerando emprego, gerando renda , como tantas outras. Então nós geramos emprego, nós geramos renda, apesar de, repito, insisto, da pandemia e estamos com perspectivas de outros empreendimentos, como a CSL. A CSL tem avançado para tentar investir em Sergipe. Nós não paramos de dialogar, nós não paramos de buscar investimentos. Quando a gente fala da questão da nota B, nota C. O que é ter nota B, nota C via o tesouro nacional? Significa que você tem crédito, você pode tomar dinheiro emprestado. O que o empreendedor quer investir? Eu vou investir em um lugar que eu tenha segurança jurídica , segurança de um modo geral. Então nós agimos, graças a Deus, nesse período para fazer com que empreendedores de um modo geral saíssem desse sufoco. Temos cuidado ainda com o vírus , cuidado com a pandemia, nós estamos flexibilizando. É possível que na próxima reunião a gente consiga flexibilizar mais ainda, mas eu quero ter o prazer de ter pelo menos 10, 15 dias ouvindo todos os dias da sequência que hoje não tivemos nenhum óbito Covid em Sergipe, ou hoje não tivemos nenhum óbito Covid no país”.

Hospitais da Criança e do Câncer

“No Hospital da Criança vou fazer uma visita na próxima semana para mostrar como estamos. Se não até o final deste mês, com certeza na primeira quinzena de agosto a gente vai estar entregando o Hospital da Criança de Sergipe e lá nós vamos fazer tratamento de média e fácil complexidade. Em relação ao Hospital do Câncer, tenho lutado. Recentemente fizemos uma licitação, há problemas que estão sendo discutidos juridicamente, tecnicamente e, enquanto a gente não tiver tudo isso definido eu não posso anunciar data. Mas não deixei, em nenhum momento, de tratar dessa questão relacionada ao Hospital do Câncer, que é uma coisa que me incomoda. Eu hei de sair desse governo, com pelo menos metade dessa obra em andamento, porque não se admite tanta burocracia, tanta complicação, mas infelizmente no serviço público é assim mesmo. Eu não posso passar por cima da legislação para iniciar o Hospital do Câncer. Às vezes ficam me questionando, porque toda vez que faz uma licitação surge um problema. Agora no início de agosto vamos estar entregando o famoso C4, que é um centro de recuperação totalmente equipado para atender a população.

Avaliação das ações

“Foi um momento, aliás tem sido um momento de muita dedicação, de muita dificuldade e que muitas das vezes nós não conseguimos realizar o que gostaríamos porque a dificuldade não foi só no âmbito de Sergipe, foi no Brasil. Todos os estados tiveram dificuldades para adquirir equipamentos, insumos, enfim. Conseguimos com muita luta abrir leitos de UTI. Acho que a gente acertou muito mais do que errou, mas quando errou a gente errou tentando acertar”.

Por G1 SE