'Criança já vinha sofrendo lesões repetidas', diz delegada sobre criança de dois anos que morreu com sinais de violência sexual em Aracaju; mãe e padrasto estão presos
Foto: SSP/SE

Os detalhes da investigação e do exame de corpo de delito sobre a morte da criança de dois anos vítima de politraumatismo e abuso sexual foram passados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e Instituto Médico Legal (IML), em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (18), em Aracaju.

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De acordo com a diretora do DHPP, delegada Juliana Alcoforado, o padrasto, que está preso, confessou a prática de todos os crimes admitiu não apenas a violência física, que foi a causa da morte, mas também ao abuso sexual reiterado. Já a mãe da criança, após a prisão, permaneceu em silêncio.

Ainda segundo a delegada, o menino sofria agressões constantes. “A educação era muito hostil, e a criança já vinha sofrendo lesões repetidas vezes ao longo dos meses apesar da pouca idade. Naquele dia, já teria sido agredida fisicamente pela mãe, e o padrasto deu mais um golpe, levando a criança a não responder mais”, disse.

A investigação aponta que a mãe é conivente com os crimes. “Está muito claro e não há dúvidas de que a mãe não somente participava das agressões físicas contra a criança, mas tinha visualizado os sinais da agressão sexual, a partir do corpo da vítima e não tomou providencia quanto a isso”, acrescentou a delegada.

Juliana Alcoforado informou ainda que foi solicitado o acompanhamento para a outra criança. “Diante de todo o relato de violência, vamos adotar as medidas de proteção. Solicitamos acompanhamento ao Conselho Tutelar e tudo o que for necessário está sendo providenciado para que a criança receba todo o aparato do estado”.

Já o diretor do Instituto Médico Legal, Victor Barros explicou que a unidade hospitalar percebeu a possibilidade de crime e acionou a autoridade policial. “Quando nos deparamos com uma criança do sexo masculino com o relato de abuso sexual, temos que ter muito cuidado. Pois diferentemente do órgão genital feminino, o ânus possui uma capacidade de cicatrização muito intensa. Por isso, doenças clínicas como síndromes intestinais podem causar o relaxamento do tônus esfincteriano”, explicou.

A partir daí, os exames periciais analisaram o corpo da criança minuciosamente para atestar o abuso sexual. “ Nós nos debruçamos de fato no exame dessa criança e, além da dilatação, observamos vários outros sinais que afirmamos categoricamente que a criança já vinha sendo vítima desse abuso”.

Entenda o caso

O padrasto da criança de dois anos que morreu com sinais de violência sexual foi preso, após se entregar à polícia em uma delegacia do interior de Sergipe na terça (11). Ele estava foragido, desde que a criança morreu no Hospital Municipal Fernando Franco no dia 7. A mãe da criança já havia sido presa foi presa no dia anterior, em casa, no Bairro Santa Maria, em Aracaju.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju (SMS), a criança deu entrada no Hospital Fernando Franco, na Zona Sul da capital, já em parada cardiorrespiratória e com sinais de violência sexual. As equipes tentaram a ressuscitação cardiopulmonar, mas a criança não resistiu.

Diante dos sinais de violência, o hospital acionou a Polícia Civil. Segundo a SMS, a mãe da criança, ao chegar ao Fernando Franco, relatou que, enquanto estava fora de casa, havia deixado os filhos aos cuidados do padrasto.

Fonte: G1 SE