Nesta segunda-feira (23), mais de um mês após ser encontrado dentro de uma mala na geladeira de um apartamento em Aracaju, o corpo do advogado e jornalista gaúcho Celso Adão Portella foi liberado pelo Instituto Médico Legal de Sergipe. Ele será levado até o Rio Grande do Sul, estado natal da vítima.

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Segundo o diretor do IML, Victor Barros, todos os exames necessários foram realizados. No entanto, de acordo com ele, a análise da causa da morte ainda não foi concluída.

Através de procuração, familiares de Celso habilitaram um agente funerário para cuidar dos trâmites de traslado do corpo.

Urna será levada para o Rio Grande do Sul — Foto: Leonardo Barreto/g1
Urna será levada para o Rio Grande do Sul — Foto: Leonardo Barreto/g1

O corpo, que estava em avançado estado de decomposição, foi encontrado no dia 20 de setembro, por um oficial de Justiça e um funcionário que fazia a retirada dos móveis da moradora do local, uma mulher de 37 anos, que diz ser companheira da vítima e foi presa suspeita de ocultação de cadáver. A identificação do corpo ocorreu após oito dias, através de informações de prontuários médicos, de uma prótese que ele usava, além de documentos dele encontrados no apartamento e de depoimentos de filhos de Celso, que moram no Rio Grande do Sul.

Celso Adão Portela, que teria 80 anos em 2023 — Foto: Arquivo pessoal
Celso Adão Portela, que teria 80 anos em 2023 — Foto: Arquivo pessoal

Quem é a vítima?

Segundo a família, Celso Adão Portella, que hoje teria 80 anos, é natural de Ijuí, no Norte do estado, mas construiu a vida em Porto Alegre (RS). Ele deixou o estado em 2001, quando a mãe morreu, foi para o Espírito Santo e, depois os irmãos perderam contato. Celso é um de 12 irmãos e deixou quatro filhos no estado.

“A postura dele é de afastamento da família. Os filhos informaram que ele não dava notícias, nem tentava se comunicar. Diante da postura dele, alguns dos filhos que ainda procuravam contato, desistiram”, disse Tenório.

O advogado veio para Sergipe a convite da Universidade Tiradentes, onde trabalhou de 2005 a 2008 como professor e coordenador do curso de direito do campus de Propriá (SE). A instituição emitiu uma nota de pesar [veja nota na íntegra no fim da reportagem].

Ele recebeu aposentadoria até 2019 pelo INSS. Estamos tentando receber informações das instituições financeiras, para saber se houve saque ou não“, disse o delegado.

Situação do imóvel onde mãe estava com filha de quatro anos e corpo — Foto: Reprodução/Jairo Júnior
Situação do imóvel onde mãe estava com filha de quatro anos e corpo — Foto: Reprodução/Jairo Júnior

O que diz a suspeita?

Em depoimento, a mulher, que é técnica de enfermagem e tem 37 anos, afirma que o homem era seu companheiro e que o encontrou morto em 2016, após retornar do trabalho. Ela colocou o corpo em posição fetal dentro da mala e o escondeu na geladeira por medo do que pensariam sobre a morte dele.

Durante o cumprimento da ordem de despejo, a mulher foi encontrada ferida, após ser tratada de lesões provocadas, segundo a polícia, por ela mesma. No imóvel também estava a filha dela, de quatro anos, que foi recolhida pelo Conselho Tutelar e encaminhada para a casa de familiares da mãe. A menina não tem registro de genitor. A mulher informou à polícia que o pai é um homem que atualmente reside no exterior, o que foi desmentido posteriormente pela polícia.

Além da ocultação de cadáver, a mulher também está sendo acusada de maus-tratos contra a criança porque o apartamento estava em situação de insalubridade, com lixo e entulhos espalhados.

Atualmente, a suspeita está no Hospital de Custódia em tratamento psiquiátrico. A mulher será reavaliada e o hospital emitirá novo laudo, que será remetido à Justiça.

Vizinhos informaram que ela morava no local há cerca de 12 anos e não costumava receber visitas, mas também não levantava suspeitas.