Nesta segunda-feira (23), mais de um mês após ser encontrado dentro de uma mala na geladeira de um apartamento em Aracaju, o corpo do advogado e jornalista gaúcho Celso Adão Portella foi liberado pelo Instituto Médico Legal de Sergipe. Ele será levado até o Rio Grande do Sul, estado natal da vítima.
Segundo o diretor do IML, Victor Barros, todos os exames necessários foram realizados. No entanto, de acordo com ele, a análise da causa da morte ainda não foi concluída.
Através de procuração, familiares de Celso habilitaram um agente funerário para cuidar dos trâmites de traslado do corpo.
O corpo, que estava em avançado estado de decomposição, foi encontrado no dia 20 de setembro, por um oficial de Justiça e um funcionário que fazia a retirada dos móveis da moradora do local, uma mulher de 37 anos, que diz ser companheira da vítima e foi presa suspeita de ocultação de cadáver. A identificação do corpo ocorreu após oito dias, através de informações de prontuários médicos, de uma prótese que ele usava, além de documentos dele encontrados no apartamento e de depoimentos de filhos de Celso, que moram no Rio Grande do Sul.
Quem é a vítima?
Segundo a família, Celso Adão Portella, que hoje teria 80 anos, é natural de Ijuí, no Norte do estado, mas construiu a vida em Porto Alegre (RS). Ele deixou o estado em 2001, quando a mãe morreu, foi para o Espírito Santo e, depois os irmãos perderam contato. Celso é um de 12 irmãos e deixou quatro filhos no estado.
“A postura dele é de afastamento da família. Os filhos informaram que ele não dava notícias, nem tentava se comunicar. Diante da postura dele, alguns dos filhos que ainda procuravam contato, desistiram”, disse Tenório.
O advogado veio para Sergipe a convite da Universidade Tiradentes, onde trabalhou de 2005 a 2008 como professor e coordenador do curso de direito do campus de Propriá (SE). A instituição emitiu uma nota de pesar [veja nota na íntegra no fim da reportagem].
“Ele recebeu aposentadoria até 2019 pelo INSS. Estamos tentando receber informações das instituições financeiras, para saber se houve saque ou não“, disse o delegado.
O que diz a suspeita?
Em depoimento, a mulher, que é técnica de enfermagem e tem 37 anos, afirma que o homem era seu companheiro e que o encontrou morto em 2016, após retornar do trabalho. Ela colocou o corpo em posição fetal dentro da mala e o escondeu na geladeira por medo do que pensariam sobre a morte dele.
Durante o cumprimento da ordem de despejo, a mulher foi encontrada ferida, após ser tratada de lesões provocadas, segundo a polícia, por ela mesma. No imóvel também estava a filha dela, de quatro anos, que foi recolhida pelo Conselho Tutelar e encaminhada para a casa de familiares da mãe. A menina não tem registro de genitor. A mulher informou à polícia que o pai é um homem que atualmente reside no exterior, o que foi desmentido posteriormente pela polícia.
Além da ocultação de cadáver, a mulher também está sendo acusada de maus-tratos contra a criança porque o apartamento estava em situação de insalubridade, com lixo e entulhos espalhados.
Atualmente, a suspeita está no Hospital de Custódia em tratamento psiquiátrico. A mulher será reavaliada e o hospital emitirá novo laudo, que será remetido à Justiça.
Vizinhos informaram que ela morava no local há cerca de 12 anos e não costumava receber visitas, mas também não levantava suspeitas.